A varanda da minha cobertura é o que chamo de meu lugar restrito, aqui ninguém entra, ninguém visita, aqui é o meu lugar....
Sexta, 23hr - Varanda
Noite clara de muitas estrelas, grupos de todas as idades caminham lá
Se não me falhe a memória já ingeri cinco doses e nada de soluções, consegui apenas fazer com que as luzes da cidade pisquem lentamente e os carros fazem mais barulho do que de costume.
Meu vizinho do prédio ao lado chegou, as luzes acabaram de ascender, tentando não piscar e nem desviar os olhos da janela, procuro o binóculo na mesinha mas o infeliz não está aqui em lugar nenhum. É claro que não está, acabo de me lembrar que a três minutos atrás o deixei dentro do vaso de plantas.
Pela lente do binóculo tudo fica mais divertido, por um momento me arrependo de ter tomado tanto uísque, minha visão está embaçada e estou levemente tonta.
Ele sentou no sofá, usa uma camisa branca e jeans. Ainda não consegui identificar se as marcas de expressão vincadas na testa dele são de cansaço ou preocupação, atendeu o celular com o sorriso que me deixa de pernas bambas toda manhã quando cruzo com ele na esquina, fingindo que vou à padaria e ele sai para trabalhar.
Queria ser uma mosca espiã para ouvir com quem ele esta conversando e desperdiçando toda a sensualidade que eu quero só pra mim!
Desligou o celular, levantou inquieto, já é a segunda vez que passa a mão entre os cabelos. Não consigo ver onde ele está agora, espero que volte logo.
Não demora muito, sentou-se no sofá, cruzou as pernas, abriu um sorriso convidativo, arqueia as costas como um gato pronto para uma linda noite de acasalamento, o pior, o pior de tudo é que gostei do vestido da maldita!
Minha raiva transpassa minha matéria e explode numa sensação próxima da loucura!
Mal eu sabia que daqui a algumas horas eu iria agradecer a todos os anjos do céu por este momento.
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