quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Borboletas - Parte 1

Sinto a brisa congelar meu prazer, meu corpo treme com o toque do vento preenchendo meu ser, me envolve de um jeito que jamais pensei ser envolvida.
Meus pensamentos viajam para lugares distantes, longe de qualquer lugar que eu já tenha estado.
Lá em baixo os carros parecem andar sem direção, um vai e vem frenético, sem motivo, sem escolhas. As luzes dançam no ritmo do vento, ao longe piscam como estrelas explodindo no céu.
Aqui da cobertura do meu prédio posso ver a beleza da cidade adormecida, os sons dos carros e buzinas chegam abafados aqui em cima, venta forte e meus cabelos moldam-se ao vento.
Volto à realidade quando sinto meu corpo enrijecer e os tremores que sinto já não são mais de prazer e sim de frio.
Na pele dourada os pelos ficam eriçados, é hora de entrar e encarar a realidade desço os degraus de vagar, a sala desarrumada com roupas espalhadas por toda parte, no canto em cima do criado mudo a luz do abajur se mistura com a luz da lua que entra pela janela.
Uma força quase imperceptível me chama para o quarto, me atrai como um imã negativo lentamente deixo me levar, mas paro na porta como se ali houvesse uma linha que me impedisse de continuar.
Na cama um corpo adormecido, ver aquelas curvas perfeitas enroscadas nos meus travesseiros me fez sentir borboletas no estomago, como ele é lindo, pena que logo estaria longe. E só de pensar nisso sento a dor da saudade, a dor da ausência dele quase me fazem cair.
- Tá me olhando dormir? Isso não se faz!
Quase tive um ataque cardíaco quando ouvi aquela voz que me faz delirar.
- Ah! Oi, não. Estava apenas pensando em algumas coisas...
Levantou devagar de um jeito tão sensual que senti minhas pernas tremerem, me envolveu num abraço quente, uma paz, uma sensação de tranqüilidade.
Me olhando de um jeito travesso disse:  - Te dou um doce pelos seus pensamentos?
- Não se preocupe – eu disse quase sussurrando – Já arrumou suas coisas?
- Ainda não. Quero adiar esse momento, mas sei que ele vai chegar. 

Uma tristeza nasceu no olhar dele e aquilo me deixou mais aflita.
- Mas ainda estou aqui não é? E por enquanto estiver tenho ordens de fazê-la feliz!
Me pegou no colo e me deu um beijo suave, meus lábios agora entre abertos esperando ansiosamente pelo gosto doce dele.
Alma e corpo, ligados numa só sintonia....
Continua...

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